Aqui dentro
Onde arde
Uma angústia
Infinita
Permanência bruta
do que ainda sinto
por ti.....
Manaus
Por que será que não consigo te amar?
Teu calor
me assombram
O inverno que não existe
O vento que nunca vem
A fumaça do solo seco
As pessoas tão felizes
um caos que amedronta
uma paz que não se realiza
é barulho demais
cidade da insônia
que esconde suas neuroses
em cada bar do bairro.
Sem fingimentos
Manaus pulsa
se revelando uma verdadeira
ceifadora de sonhos.
No caso...
os meus.
Não tenho vergonha de assumir que um dos filmes que mais amo é Nove e meia semanas de amor.
Mickey Rourke no auge da beleza. Kim Basinger gostosona.
E sexo...muito sexo.
O cara literalmente devorava a garota de todos os jeitos.
Era amor....dizia ele.
A trilha sonora conduzia tudo ao gozo propriamente dito.
E nós mulheres, tão sedentas de aventuras, de conquistas...
queriamos para nós um homem que nos pentiasse, que nos alimentasse..
E que nos devorasse quando a noite caísse....
Seria pedir demais?
Óbvio que isso nunca aconteceu comigo.
Me cansei da figura masculina cedo demais.
Mas, será que eu resistiria a um homem como esse?
Hoje, eu sei que essas coisas não existem.
Homem nenhum tem paciência para seduzir uma mulher com tanta imaginação.
O glamour dos 80's acabou.
Tudo o que resta é o capitalismo sexo pago do século 21.
Homens de um lado.
mulheres de outro.
E os direitos iguais sepultando o charme de um gentleman.
Eu & você.
Duas mulheres.
Amigas.
Confidentes.
Amantes.
As vezes somos perfeitas.
Mas também brigamos.
Quebramos coisas.
Xingamos a toa.
Depois fazemos a pazes.
No cobertor ou fora dele.
Dizem que somos perfeitas uma pra outra.
Ainda não sei.
Acho que combinamos porque sentimos o mesmo.
Nos amamos.
Nos adiamos.
Queremos o mesmo futuro.
Vendo assim parece fácil.
Mas não é.
Tem dias que é complicado.
Superar neuroses nunca é fácil.
Mas, pelos menos eu tento.
Faço a minha parte porque sim.
Porque amo.
Porque acredito.
Porque quero muito envelhecer contigo.
Arranhando minhas costas.
Beijando minha face.
Me olhando e elogiando aquilo que somente você vê.
Existe algo mais profundo que isso?
Ser amada em toda plenitude,
com as gorduras localizadas, as estrias e celulite.
A teus olhos sou a própria Sophia Loren.
E eu deixo você com a sua miopia.
Pois ser amada por você é um luxo
único...
exuberante...
inigualável.
É o chocolate branco suíço
Coberto de caldas de amor.
Derramo lágrimas salgadas
de saudade sincera.
Estou indo pra casa.
Não me olha assim
que eu me afundo
me infesto
vou com tudo
e esqueço
esse desejo enorme
de não querer
querendo
mergulhar
nesse azul enorme
que lembra o mar da alma
tão deslumbrante
quanto um beijo
promessa de
uma felicidade que eu
nem acredito.
Deixa eu sonhar
com
tolices que esses
olhos me
anunciam
simplesmente
por não saber do perigo que corro.
Minha casa é aquilo que eu sempre quis de um lar.
Quartos grandes. Dois banheiros distintos. Cozinha razoavelmente espaçosa.
Ela pode não ser o modelo perfeito presente nas revistas de decorações.
Tudo bem.
Adoro as poltronas da sala.
Grandes e confortáveis .
É nelas que repouso todas as minhas ambições cinematográficas.
Pela primeira vez na minha vida, eu realmente me sinto à vontade.
E a mania de limpeza?
Obviamente que continuo procurando teias de aranhas e pó nas prateleiras.
Algo de muito inquietante acontece quando vejo lugares sujos.
Nada mais me deprime do que uma pia repleta de restos de comida.
Não acredito que isso mudará.
Talvez eu sempre tenha sido assim.
Talvez tudo do que precise seja um pelotão de empregadas com vassouras pra lá e pra cá, enquanto leio calmamente e dou ordens.
De qualquer forma, eu sei que acabaria fazendo tudo do meu jeito.
Certas coisas não mudam.
Apenas deixam de ser porque morremos...
assim...
feito plantas sem água em dia de sol.
Ouvido arrebentado por algum motivo.
Olhos que coçam sempre.
Óculos de grau com defeito?
Deve ser.
Sinto uma parte de minha se desmachando.
Quase indo embora.
Não quero me convencer de que estou velha.
Nada disso.
São problemas apenas.
Coisas da idade.
Sou meio neurótica com sintomas.
Diabética?
Dane-se.
Tento de verdade não me sentir acuada.
Mas, é tão difícil sobreviver à data de nascimento.
44 anos.
Poucos.
Ainda atenta e disposta.
Mesmo assim, eu assumo um enorme pavor da velhice.
Não quero sofrer muito.
Espero morrer calmamente
Ouvindo Madredeus
sem uma arma na mão.
Devo explicar que não sou ninguém. Uma mulher. Pouco diferente da maioria. Bem igual mesmo. Penso. Sonho. Brigo. Odeio. Gosto. Implico.
Sei de tudo um pouco. Nada sei depois. Transpiro no calor. Choro no frio. Gozo quando quero. Não troco amor por prazer. Descobri que tudo é válido. Mas tem coisas que não quero pra mim. Cartão de crédito. Conta bancária. Carro na garagem. Obrigações que temo. Sou afoita. Visa ou Credicard. Visto permanente em Mônaco. Lancha importada. O jet set é caro.. Ainda procuro um espaço pra colocar minhas velharias. Enquanto isso, navego em dívidas. Luz. Água. Tv a cabo. Faço de tudo para o tempo passar mais rápido. Só pra descobrir depois que não faz diferença. Lá se foi mais um dia de agonia. Acabou o domingo. Volto pra segunda-feira. Meus papeis na mesa. A calculadora. O computador. Fazem parte do dilúvio em mim mesma....
Findou o devaneio. Sou real e preciso comer.
Vai pra merda lady gaga. Devolve a peruca. Os Cílios. O nariz perfeito. Vai bancar a cool girl em outro manicômio. Etiquetas penduradas no varal. Gucci ou Prada ou D&G. Whatever. Consumo pop fácil. 2011 mentiras contadas. Juram que é novidade. Prefiro a Debbie. Enchi de menina bonita branca com cara de má. O underground é logo ali. Paga pra entrar. Tem pulseira brilhante. Óculos caro. Tudo muito Joyce Pascowitch. Produtinho THX pré fabricado em made in china by USA.
Labirintus dos meus segredos que eu guardo em algum canto. Sala largada de mim mesma que foi sendo despejada de todos os sentimentos. Ficou oco feito qualquer coisa. Sei lá o que vem a ser esse infinito instinto de sobrevivência. Todos os cantos que não sou eu e nunca fui eu. Continuo em órbita gradual do rato de teste. Tateando no escuro com um buraco do nariz entupido de maizena....
Sobrevi ao caos.
Voltei do mesmo jeito que fui.
Sã.
Me deparei com pensamentos.
Era eu mesma me fazendo perguntas absurdas.
Será que sou feliz ou tudo é um sonho?
Não me entendo muito.
Tem dias que dá vontade de sorrir.
Em outros não quero mais nada.
As cinzas do reveillon
não deixaram saudade.
Espero que demore outra comemoração
Não sou alegre o suficiente para festejar datas assim....