05:55

Tudo igual em 2011

Postado por Cláudia Pereira |


Festas de fim de ano me dão muito medo.
Deve ser por causa do barulho que todo mundo faz.
Começa no dia 30 e segue até o domingo sem dó nem piedade.
É o vizinho ouvindo forró.
Um outro com música de carnaval.
E tantos por aí ouvindo coisas inexplicáveis em seus carros possantes e assustadores.
Deixei de gostar do natal por causa disso.
As festas natalinas são um mero pretexto para muita gente se encher de cerveja e afins.
Impressionante como o povo prefere ficar fora de si do que meditar no que fez ou no que irá fazer.
Enfim.
Cada um tem o país que merece.
O Brasil acha divertido essa arruaça de grandes manifestações populares.
A própria prefeitura dá de graça atrações do mais baixo escalão porque sabe que nao precisa apostar em grande coisa.
Cachaça.
Cigarro.
Comilança.
Eis o retrato do que virá por aí.
2011 é apenas mais um ano que terá início em meio ao caos.
Tudo velho.
Como sempre.

05:14

A Origem do sono

Postado por Cláudia Pereira |

Me falaram que A Origem era o filme do ano.

Fui conferir porque sou muito teimosa.

Se eu tivesse ouvindo a minha intuição teria me poupado das duas horas de extrema tortura psicanalítica.

Não sou crítica de cinema.

Tampouco me considero cult cinéfila.

Apenas sei o que me agrada ou não.

E A Origem não me decepcionou.

Acabou sendo a chatice que eu previa.

O ritmo ágil não me enganou.

É lixo embrulhado em papel caro.

Mas lá no fundo....

Nota-se a pretensão de ser algo inesquecível.

Não funcionou pra mim.

Pelo menos serviu como sonífero.

Dormi bem num só sonho e desejo: Deletar da minha mente mais um filminho comestível de Hollywood.

06:42

Pausa em The Walking Dead

Postado por Cláudia Pereira |


Fim da primeira temporada.
The Walking Dead virou mania.
Foram apenas seis episódios.
O suficiente para se transformar em cult.
Apesar do oba oba mundial...
Ainda não fui convencida.
Não me sinto atingida pelo sofrimento dos humanos
Aliás, todos parecem até merecedores das mordidas.
Pena mesmo eu sinto dos zumbis...
esses sempre tão relevados ao mero papel de múmias berrrantes...
Que a próxima temporada traga
Um novo suspiro de criatividade
ou então
um The end sem retorno nem Deja dú.

06:32

GPS

Postado por Cláudia Pereira |


A luz da noite entra pela janela
do carro
meus olhos se transformam
em faróis contra a neblina
fico cega
enxergo
sigo
pela contramão
avessa ao apito
do guarda
pobre testemunha
da minha completa
falta de vontade
em seguir
na linha reta.

10:55

Toca Disco

Postado por Cláudia Pereira |



Vinil negro (quase imaginário)

Noite de neon

a música não para.....

fazendo o mundo girar

sob a agulha

afiada do dj....

10:54

Língua Dance

Postado por Cláudia Pereira |



língua na tua
toda minha
alguém que nos inveja
de longe...
bem longe...
os dentes
o teu hálito
de pimenta
no meu
trincam
nossos lábios
no raio x

10:51

Lua cheia no cio

Postado por Cláudia Pereira |




A vida de cabeça pra baixo.....o miau da gata prestes à entrar no cio. A lua cheia que ilumina a rua do bairro. Música cantarolada bem alto. É samba. Minha cabeça faz batuque eletrônico. Um vulto passa ao lado. Tenho pavor, eu sei. Mas agora nem ligo. A luz da lua é segura. De lá não saem fantasmas. Pinga no asfalto líquidos do céu. Efeito especial de uma onda gigante que engole tudo o que se move. Pelos felinos sobem com o vento. É ela. A gata onça esfomeada de afeto. Eu a como na hora. Viro loba. Esfolo minhas rugas. Solto o bicho preso. Vem uma nuvem que cobre tudo. Transformada em outro ser, me deixo morrer. Morri ao me olhar no reflexo. Eu mesma versus a outra. Devorada pela besta que nasceu no lugar certo. Sou parida pela lua. Aquela mesma que minutos antes...eu jurava ser segura. Ela me enganou. Me botou de volta ao mundo.

10:45

Gotas de chuva

Postado por Cláudia Pereira |



Chove tão forte lá fora/ que o céu escuro encobre todas as nuvens/o carro quebrado no farol/a luz que foi embora de vez/as gotas do telhado/ o gosto na boca....ainda amargo....vem a chuva e colhe pra si o que sobrou do dia....deixando para amanhã um outro sol....
O final de semana termina com um vento frio que vem da porta aberta. Sexta-feira com cheiro de café e cigarro menta...um beijo...o carinho por baixo do edredon...meia luz que pode ou não trazer um sábado cheio de luz.

10:40

Londres (Um jeito novo de ver o mundo)

Postado por Cláudia Pereira |



O mundo se movendo
& eu parada
nas duas faixas
As nuvens
formam a
“linha da beleza”
nome fictício
do precipício
Londres fica em algum lugar
ainda falta muito?

10:38

La revancha del tango

Postado por Cláudia Pereira |




Requebros nos quadris
Teu nariz no meu pescoço
&
o suor
Escorrendo pelas costas
Tuas mãos nelas
As minhas nas tuas
Coxas nas coxas
Joelhos se
roçando
um a um
Meus seios
Teu peito
Arfantes
São poemas
De amor
Tango
Sangue
Unhas nas tuas palmas
Braços embolando-se
Somos nós
Meu amor
Mais uma música
Um
Outro tango
Por favor.....

09:35

A estrela que ainda brilha

Postado por Cláudia Pereira |

Torcer pelo Botafogo é viver no inferno

da incerteza.

É chorar quase sempre

sorrir sem motivo

se embebedar porque perdeu de novo

sonhar que meteu cinco gols no adversário

e levar três

apanhar dos outros

sofrer chacota dos outros

e ainda assim

amar

de verdade a estrela solitária.

Ser botafogo

não tem explicação

nem terapia que dê jeito

é caso de loucura

quem nem a mais longa internação

resolve.

Ser botafoguense

é crer em todas as mentiras

e ainda ser apaixonado

mesmo tendo a certeza

de que milagres não existem .

Não faz mal

o azarado botafoguista

sobrevive a tudo

por amar

de coração

essa inefável

certeza de ser predestinado.

09:19

By Lalique

Postado por Cláudia Pereira |


Posso ter uma alma
sem nexo
nem sexo
mas na minha pele
o que encosta
& brilha
é o lalique white
branco
branco
igual a neve
que molemente
despenca do céu nublado
perfume
exótico
másculo
invadindo
meu ser
de fêmea
repleta
de cheiros
nunca antes
decifrados.

09:13

auto análise

Postado por Cláudia Pereira |

Assumidamente gay

mulher

ciumenta

estranha

relaxada

intolerante

crítica

fresca

casada

imprevisível

pacata

infernal

patética

solidária

frenética

amarga

cruel

doce

quase meiga

porém

egoísta

gorda

comilona

dietética

magra

sem peso

feliz

depressiva

eis-me

aqui

presente

na sala de aula

aprendendo a me olhar

nos espelhos tortos

da minha mente.

07:18

O divã da alegria

Postado por Cláudia Pereira |

O nome desse blog não é em homenagem ao filme O Divã.

Pelo contrário.

O filme é tão falsificado quanto um celular made in china.

Criaram a primeira paciente feliz do planeta.

A mulher não sente dores.

Não sofre.

Acha bom ser traída.

Aceita a separação.

É chutada pelo amante e passa adiante.

Namora um clubber estúpido sem culpa.

Enfim.

Ela é o protótipo da mulher perfeita que se basta.

O que seria então o terapeuta?

Um simples ouvinte de fofocas íntimas e pessoais.

Lília Cabral irrita o tempo todo.

Seu sorriso maniqueísta, o sotaque comum de qualquer lado do país.

Não entendo e faço questão de nem pensar sobre o assunto.

porque lixo é lixo.

Mas, sentimento verdadeiro não brota

de verborragia feminista sem sentido.

E Gianecchini é bonito sim

mas eu ainda prefiro um javier bardem com o nariz torto

e os dentes amarelados pelo cigarro.

simplesmente, porque a beleza me interessa mais quando vem defeito de fabricação.

07:09

O paraíso fictício de The Real l Word

Postado por Cláudia Pereira |


Tem também The Real L Word.
Os produtores mostram as ninfetas lés
brigando por um lugar ao sol.
Mas, algo fede no reino da Alice e das sapatilhas.
Tudo é meio fake,
Arrumadinho demais.
seria patético se não fosse pra ser levado a sério.
Eu não levo.
Sei que é tudo de mentirinha.
Que no fundo...
É mais uma geração perdida de mulheres
Tão competitivas quanto qualquer outra
Elas compartilham uma griffe,
um drink
mas nenhuma parece possuir algo próprio.
São todas robôs do consumismo americano
que engole suas vítimas e as vomita
quando a hipoteca vem.

06:59

Dexter...enfim, preso e enjaulado

Postado por Cláudia Pereira |

Hoje tem Dexter no FX.

Ao se humanizar ele perdeu um pouco da autenticidade

ao querer se perder na multidão

se perdeu de si mesmo tb.

Quem ele é?

O homem atormentando por dentro?

O marido e bom pai que Rita tanto quer?

Não sei.

Contradições estragulam o personagem.

Consequentemente

me vejo confusa entre gostar ou odiar a quem eu admirava.

Esse Dexter bonzinho controladamente sociável

sofre as consequências por reprimir seus crimes.

Finalmente, a sociedade comeu a alma do último vilão que valia a pena.

Assisto por teimosia, dói confessar que Dexter perdeu seu brilhante discurso de destruição....

06:49

Boas vindas

Postado por Cláudia Pereira |


Quero ficar oculta aqui.
Trancada nessa sala iluminada
comigo mesma me olhando
fazendo a análise nua & crua
da verdadeira pessoa que sou.
A porta está aberta pra quem não conheço.
E quem entrar que seja bem vindo...
se aparecerem os amigos, irei fingir que não sou eu
que morri na paisagem nula
no enter repetitivo do teclado...

06:45

Confessionário

Postado por Cláudia Pereira |


Mais um blog meu.
Tantas idas e vindas.
Tantos textos já esquecidos, poemas deletados...
Fotos envelhecidas.
Sou eu novamente tentando me despir.
É mais fácil virtualmente.
Olho no olho eu não vou longe
até minto
por ser difícil fingir
as felicidades
ou as incertezas
tanto faz
estou montando o castelo de areia de novo

06:41

Lola a quem amo tanto...

Postado por Cláudia Pereira |


Ela pula, ela corre, ela avança, ela nunca recua, ela come & dorme, ela dorme & come, e acorda & come de novo, reclama da ausência, chora em solidão, e de repente...volta a miar porque tá feliz, porque cheguei e dei carinho, ou então, reclama que a comida é pouca, falta água, e pede o ar condicionado.
Ela é lola, a gata que peguei numa terça-fria pra criar. A felina estava num pet shop, com a cara desolada na jaulinha espremida. Foi amor à primeira vista sim. Tive medo de me apegar, medo de sofrer de novo, medo de amar. Mesmo assim, a levei pra casa porque tive o pressentimento de que seria feliz. E fui, e sou!
Eu a amo, Ela me ama. Somos duas numa só. Somos amigas, companheiras, mãe & filha. Dona do que? Dela? Jamais. Todos os dias eu sei que sou a submissa, a apaixonada que se rende sempre aos seus encantos. Assim....me confesso capturada nesse olhar verde de quem me seduz e retém.

05:42

Fim

Postado por Cláudia Pereira |

Com o rosto grudado no vidro

o vento transborda por dentro

driblando meu medo

de altura

me joga

me tripudia

me humilha

diante da imensidão da vida

da qual tanto temo

e fujo

quase renego

simplesmente

porque não me interessa

o que pode vir

com a última chuva de verão

dane-se

as tempestades

meu ombro rajado

há de me conter

as lágrimas

para que eu

possa

alcançar

o esperado fim

da eternidade

nunca antes vista

05:35

O sonho americano

Postado por Cláudia Pereira |



Hoje
Comprei mais um sofá
Coloquei
Na sala
ao lado
de um puff verde
A estante decorei
Com fotos da última viagem
muitas sacolas
compras
Macy”s
Tiffany
5ª Avenida
visitei museus
participei de leilão
não comprei nada
mas estive lá
na calçada da fama
ganhei nas máquinas
de Las Vegas
dirigi por highways
meu conversível
dormi em motéis
de road movies
Norman Bates não me visitou
comi hot dogs
em Manhatan
olhando para túmulo das
torres gêmeas
tive que comer correndo
com medo de outra explosão
gastei muito dinheiro
vivi o glamour
que somente os Estados Americanos têm
não vi decadência
nem fome
mas vi
o medo
nos olhos do policial
a raiva estampada
no vendedor de liquidação
estacionamentos que parecem
campo de concentração
com milhares de Mercedes
BMW
Porsches

Vigiados por cães
Valentes
Rosnando

em busca de suspeitos
de preferência negros
ou árabes
tive que voltar
correndo
me confundiram com
um terrorista
sul-americano
qualquer
tomaram meu passaporte
revistaram minhas
roupas
ficaram
com a blusa da seleção
e perguntaram pelo
Pelé
estava aberta a temporada de caça
muitas armas apontadas na minha cabeça
mas não tive medo
estava no país da liberdade
Deixei muita grana por lá
dei grandes gorjetas
trouxe o sonho comigo......
Comprei outro sofá
Hoje
Meu cartão não
Estourou
Ainda tem aquele carro
Pra comprar
E muito espaço
Na prateleira

05:33

Lentamente...

Postado por Cláudia Pereira |


Por um caminho que não se repete
Sigo
Em slow
Quase desligando o botão
Que não opera
Nem distribui
Sinal nenhum
A não ser
Esse chamado mudo
De silêncio
“não me ligue”
Que o celular
Insiste em enviar

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